terça-feira, 8 de outubro de 2019

TEMPO DESCARRILHADO



(ao poeta Mário Gomes)

Esses olhos que a terra não deseja
hão de comer a vastidão da terra
plantar no solo o sêmen de seus rastros
cravar na pedra o seu punhal de febre,
sonho pleno de pedra.
As algemas de sangue, solidão e medo;
o luminoso terror noturno...
Há tragédia em cada ato
no tempo descarrilhado
e um gosto de eternidade.

Wender Montenegro   

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