Não, o meu inferno não é outro. Quem sabe o outro seja meu
espelho, água movente que me retrata.Devo ter sido inferno ou pesadelo de
outros que me quiseram longe, no campo profissional, isso acontece com muitos.
Pensar que onde cabe o amarelo, o vermelho, não pode entrar o azul deve ser
sintoma grave de algo que ainda não consigo identificar. Não penso assim. O
outro me amplia e ilumina. O outro me provoca, me inquieta e me faz pensar e
sonhar. E me faz brigar também, como quando rebenta a onda e se refaz na sua
eterna resiliência.
Constato o que penso em outras vozes, no meu semelhante das
ruas, ônibus e no meu semelhante que habita minhas leituras. Abri a madrugada
com o livro "Temps de Crises" de Michel Serres. Devo ter perdido
muita coisa importante porque meu francês não dá conta de tudo: " Nous
avions coutume, au moins en Occident, de considérer l´autre comme un rival, un
adversaire, un ennemi même" (...) p 66. Depois ele fala das ciências
exatas e das ciências humanas, do individual e do coletivo. E por aí vai e por
aí vamos. Sei que vou reler o livro imediatamente para a saudável recomposição
das minhas metáforas, nos tempos de violência no Brasil e no mundo.
Glória Kirinus
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