Bêbado como um barco, o desconhecido da rua me chamou de
"mademoiselle" e perguntou meu nome. Confusa, respondi imediatamente:
Camerata. Depois, lembrei do "mademoiselle" e acrescentei: Camerata
Antiqua. Pronto, respondi nome e sobrenome. O barco, digo o bêbado, ficou
confuso. E antes que ele ficasse lúcido eu retomei meu rumo. Ainda o ouvi
murmurar: Camerata Antiqua...
É possível ficar bêbada de palavras?
Por que inventei esse nome?
Coisas de Paris ou isso é arte? Ou talvez faço parte de
regência desinventada? Será que meus amigos e família que entendem e vivem a
música poderiam me explicar? Ou talvez os amigos magos das palavras ou mesmo os
lúcidos amigos lacanianos...?
Glória Kirinus
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