domingo, 23 de dezembro de 2018


iessienin

● foi sim num hotel de leningrado ●
● isso se espalhou como fogo sujo ●
● serguei abriu varias veias murchas ●
● escrevendo com sangue um poema ●
● depois prendeu uma corda na porta ●
● saltou como se fosse dum penhasco ●
● pendurado lingua de fora babando ●

● sujo de merda e mijo ate os sapatos ●
● roçando os tacos de madeira podre ●
● as pernas como bois no matadouro ●
● ate chegarem os de sempre os nulos ●
● de serguei arrancaram roupa e cueca ●
● lavaram o corpo sangue merda e mijo ●
● não é novo morrer ou a vida novidade ●

● deitaram na cama como boneco ●
● marionete pronta pra peça de goldoni ●
● trataram de fazer a imagem o boato ●
● presente alegria aos amigos do estado ●
● da igreja da familia da puta patria ●
● de repente todos ficaram imoveis ●
● maior q tudo era o silencio do poeta ●

● o silencio tocou cada um dos corvos ●
● na neve de leningrado sem apavoro ●
● voaram ao redor em turbilhão cego ●
● o corpo sendo levado pro cemiterio ●
● desespero morte e vida bem assim ●
● voam em turbilhão frio nessa tarde ●
● ate q a noite se fez em dura treva ●

*
Alberto Lins Caldas

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