terça-feira, 17 de março de 2020

o leite dos ungulados



● leite quente - leite podre - leite esperma - ●
● sangue no estrume - tropas de moscas - ●
● esperma rubro vindo das dores da noite - ●
● fria demais - q se enrosca entre dores - ●
● não espera - é so deserto escondido - ●
● porisso agarro o peito imenso q flutua ●
● como velho zepelim desgovernado - ●

● cheio de leite - gotejando como chuva - ●
● inverno - feridas me rasgam o peito - ●
● terei leite - terei uma noite - uma hora - ●
● quem sabe furtivo eu durma cheio ●
● do leite podre - leite sangue - dizendo - ●
● ?como dormir - ?como viver ●
● do imenso peito - mastigo o mamilo ●

● com dentes afiados - labios e lingua - ●
● quente o leite dos ungulados - ●
● ouvindo cascos baterem - ●
● afundando no estrume quente - ●
● alcateias de moscas ao redor - ●
● so a fome é mais quente ●
● q o leite dos ungulados - ●

● queimando labios e lingua - ●
● garganta e estomago - ●
● sem o leite dos ungulados ●
● calcando agora estrume quente ●
● entre nuvens de moscas - ●
● ?como dormir - ?como viver - ●
● ha um vento frio la fora ●

● q o leite quente dos ungulados ●
● triturados pelos labios escorrendo ●
● pela lingua garganta estomago ●
● entre manadas de moscas ●
● entre tetas no estrume quente ●
● não consegue aquecer - esquecer -●
● a dor sabe - requer sempre mais - ●

● a dor - so ha dor - a dor so - ha dor - ●
● talvez porisso esse leite ●
● quente dos ungulados na boca ●
● não conseguira mudar nada - ●
● nem mesmo se fosse mil peitos - ●
● so rebanhos de moscas no estrume - ●
● ?como dormir - ?como viver - ●

● leite e sangue - no ferro - no estrume - ●
● moscas voam como morcegos - o sangue - ●
● so a dor - um nome q vem na escuridão - ●
● esse ninguem ouviu - mas ele disse - ●
● eu sei e repito - sempre entre moscas - ●
● não sei - como furtivo talvez eu durma - ●
● leite quente leite podre leite esperma - ●

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