Outono n'alma
Se tu viesses [...] / A essa hora dos mágicos cansaços / Quando a noite de manso se avizinha, / E me prendesses toda nos teus braços... (Florbela Espanca)
Se tu viesses amar-me agora à noitinha
À hora em que Vênus no céu resplandece
Quando a monotonia do outono adivinha
Este silêncio imemorial que o peito aborrece
Oh, que tamanha felicidade esta minha!
A esperar-te num leito d’estrelas celestes
Abraçar em ti o universo em água marinha
Desnudando mistérios e prazeres terrestres!
Se viesses amar-me, meu bem, à hora vadia
Quando no peito esta dor mais s’enterra
Revestida em nuances e tons de nostalgia
Como as sombras que caem sobre a Terra...
A hora em que a noite voraz abraça o dia
E uma lágrima de saudade o olhar dilacera...
Ah, se viesses, meu bem...
Alessandra Bertazzo
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