Acredito que a imagem tem poder de gritar em silêncio; porém a cada dia que passa, percebo que poucos são a-queles que ouvem os gritos.
Somos bombardeados com imagens o tempo todo, de tal forma que acaba por ocorrer o embotar de nossos sentidos.
A grande maioria das pessoas não é tocada realmente pela imagem, como reflexo de uma realidade que grita para ser modificada.
A pergunta é:
- Porque o retrato das mazelas hu-manas, a dor estampada em cada olhar vitimado pela ignorância atinge poucos ?
A resposta talvez esteja na banali-zação da vida como um todo.
Fechamos os olhos ou não olhamos para o feio, o triste, o sem cor ?
Queremos a vida colorida a qual-quer custo. Faz-se necessário a ressen-sibilização real de nossos sentidos. Pre-cisamos (re)aprender a ver não com nos-sos olhos, mas com a nossa alma.
Precisamos perceber que somos vi-da. Estamos rodeados de vida que não conhecemos, porque não nos permitimos olhar. Milhares de fotógrafos e cinegrafistas tiveram as vidas ceifadas para que pudéssemos saber o que está acontecendo num determinado lugar. Acreditam no poder da imagem, porém ela nos é servida entre a novela das sete e das oito em meio a culinária ou a vida badalada de alguma celebridade.
Tudo bem se você não quer olhar o feio, comece então olhando os olhos da criança que estiver mais próxima de vo-cê, pense que talvez daqui a algum tem-po esse olhar já não será tão belo; talvez seja o olhar daquele que matará alguém empunhando uma arma, ou a muitos, se uma caneta.
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