Um para cá; três para lá
De versos, estou vazia. Tão vazia de dar espaço para que eu dance e gire pelo oco de tudo o que sou, de tudo o que me sobrou. Vazio manso de solidão devagar, hoje mesmo sou e talvez eu vá além, para o mundo atrás das grandes e intocáveis coisas. Tudo aqui gira numa plenitude singular e removente; como se assim eu fosse. E dum desses removentes prazeres nasço. Antes de mim mesma e o ar já não me dói.
E as explicações eu já não quero como se suficiente eu fosse, pelos próprios sacrifícios humanos, eu me tivesse tornado suficiente nesse silêncio que está à me dominar. Peço em todos os momentos: deixa-me ser. Assim soturnamente imantada por uma fuga constante que insiste em me deflorar como parte indivisível dessas coisas todas tão maiores que meu corpo. Deixa-me ser assim como deixo-te onde queres, nessa partezinha minúscula de sensatez que lhe basta, como se não me bastasse - e não basta!
Vago pelos jardins flamejantes, estou prestes a saltar num golpe contra o universo e isso também não me dói ou segura meu corpo, como se o fim para coisas sensíveis não existisse e como se assim fosse. Se talvez te basta, você se mantêm como gota do que se é. E minha dor submerge nos segundos mais profundos da alma, nada me basta e aqui no fim, sei que também não mata.
Juliana Vallim
Nenhum comentário:
Postar um comentário