segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Leio o Uivo enquanto ando nos trilhos invadidos pelo mato,
que na chuva se prolifera como gremlins
às vezes tropeço em correntes elétricas
sigo na página 49, fazendo o shopping das imagens
sem Walt Whitman.

Bebo um gole de erva-doce
que tem gosto de hortelã
e minhas narinas logo percebem a atmosfera alfazemica.

Olho para os casebres de madeira desbotada,
vejo sair das chaminés uma fumaça roxa aveludada
proveniente de uma poção genealógica.

Fincada na terra como quem cria raízes
sinto acender sobre mim a luz do poste em riste
página 65, as retinas pregadas no verso:

sim, sim
é isso que eu queria
eu sempre quis,
eu sempre quis
voltar ao corpo
em que nasci.


Camila Vardarac

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