quarta-feira, 1 de outubro de 2014


Condizem a máscara de rã
e a pele disfarçada
Conformam em fábula
a completude da visão
que arisco recebeste
sem travar com o céu amor
Os ardis da dispersão
fizeram cantar os sapos
Respiram os lagos
o variado diapasão
Ah, ninguém ergueria
a face senão tu
De perto te vejo evitar
um sorriso longe preparado
Agora não sofro
a melodia da recusa
Enquanto esperas
o inesgotável começo
De tempo ainda em bruma
que antecede a busca do ar
Foi tardio o desejo de parada
sob o escuro astro
A hortênsia flutuava
parada na lonjura
Uma aldeã acenava
agitando um cordão
A inteira ilusão
da máscara saltou
São imensos os bailes
e intermináveis
Na madrugada a fuligem
é ser mais forte calada
Na fuligem se conserva a madrugada
assim termina e recomeça
Além dos bailes dos quartos
das passagens secretas nos corpos
e nas casas, calada
permanece em guerra
Enfim coincide a imensidão
quando o olho se contrai

Gabriel Rath Kolyniak


(Poema do livro DISCÓRDIA. São Paulo: Córrego, 2013)

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