quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A vertente




Os cultos do amanhã
Não lerão a bíblia,

Não evocarão tempos comuns
Nem lugares comuns
Nem chavões
Nem clichês

Os cultos do amanhã não
Correrão ao dicionário

Os amarelos das páginas
Já não fazem sentido
Nas eras digitais

O ser por ser já não é

Seria a música do adeus
A mais sublime

Pois dos finais monetizados
Pela indústria cinematográfica

Todos doutrinaram
À partida

Fiquei eu e minhas páginas,
E meus beijos em muitas prostitutas

Matrizes da verdadeira criatividade
Cênica

Sói ser uma estrela
De algum enlatado argentino
Da esquerda chilena

Pós-império estadunidense
A me sussurrar cores

Que pelas vielas do seu futebol
Torpe

Refreia-me o lirismo

Tal qual mídia, canais de tevê.

Acoberto-me com meu vácuo
E acaricio os cabelos

De muitas putas

Pensando, bom

Pensando.

ACM

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