Ela chamava-se Geni, ele José. Ela, membro de tradicional
família piraiense, morava num sobrado na avenida principal da cidade; ele,
membro de uma família de imigrantes poloneses era morador na Colônia do
Bonsucesso.
Em meados do século passado, conheceram-se, identificaram-se
e se apaixonaram. Só que a família da moça não viu com bons olhos aquele namoro
e ela, criada nos mais rígidos princípios e obediente aos pais, fez José ver
que o seu amor era impossível. E ele, entendendo os seus motivos, afastou-se.
Passaram-se os anos: José casou-se com outra moça, teve
filhos e vivia em harmonia com a sua família. Geni continuou solteira e às
vezes, da janela do seu sobrado, via-o passar na rua defronte.
Um dia, no fim do século, José enviuvou, depois de um longo
tempo de feliz matrimônio. Então, quis o destino que ele e Geni se
reencontrassem e que a chama daquele amor antigo se reacendesse.
Depois de algum tempo de colóquio, resolveram se casar,
embora os dois já estivessem com média idade. Viveriam os seus últimos anos com
a felicidade que lhes fora negada outrora. Casaram-se e passaram a desfrutar de
uma convivência madura e feliz.
Mas, como muitas vezes ocorre, a sorte lhes pregou uma peça:
pouco, bem pouco tempo depois de casados, José estava retornando de sua chácara
em uma bicicleta. Numa rua de terra e bem acidentada, com um valo em uma das
suas laterais, o veículo derrapou e caiu com José dentro dele. Por
infelicidade, José bateu com a cabeça em uma pedra, vindo a falecer.
E Geni, privada mais uma vez daquela doce ventura, continuou
lá, nos seu sobrado.
George Abrão
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