“Toda cidade que dorme: merece seus pesadelos”
O desgosto enche copos
E esvazia garrafas
A dor desce logo
Arranhando as vidraças
Não fica pedra sobre pedra
Na calçada
A rua deserta flerta
Com meia dúzia de corpos
Talvez alguns poetas
Ou vampiros assustados
Não fica pedra sobre pedra
Na calçada
Brincar com os amigos
Termina em um ouvido atordoado
Nem todos que se abraçam
estão já perdoados
Não fica pedra sobre pedra
Na calçada
Amanheço no centro de triagem
Do inferno:
Dois olhos famintos
No álcool mergulhados
Não fica pedra sobre pedra
Na calçada
Saio dessa vida, não mais volto
Querem brincar de morrer: morram
Pareço mais preso do que solto
Os que ainda puderem me socorram.
Julio Urrutiaga Almada do livro Poemas Mal_Ditos
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