quinta-feira, 15 de outubro de 2015


Sacrificamos o sagrado que somos para que não percamos o direito de tocar no bezerro de ouro que reflete nosso rosto distorcido pelo fogo que consumo que consomes, o bezerro que fascina e disciplina, que seduz em sua errônea luz.
Narcisos refletidos nos tornamos com alguns aplicativos de mão dupla estarrecidos com a vertigem dos sentidos estabelecidos pela máquina do estado distraído, sacrificamos o bom senso e os pássaros que gorjeiam suas falas perecerão igual às cigarras devoradas pelas vozes no deserto.

Ricardo Pozzo

Um comentário:

Anderson Carlos Maciel disse...

Coragem para ser humilde é nascer de novo. Lugares, pessoas, riquezas, tótens satânicos, edifícios teóricos... Inspiração é algo que falta (símbolo) em uma sociedade de produção descontrolada pela asfixia do poder que imaginam todos existir no indivíduo humano. Creio que muitos escritores estão confundindo personalidade literária com pessoas ricas comuns. Isso interfere no juízo de gosto pois toda valoração incide na mesma superficialidade abastada e opaca: - matéria inerte acumulada e sem forma, beleza ou transcendência. Sentimentos neo-burgueses de estar sempre em evidência: - selfies sem originalidade. Patetas endinheirados cercados de patetas solícitos. Meramente corpos coloridos e perfumados e milhares de câmeras explorando o erotismo e apelando para o sexo a vender mais e mais produtos de que nem temos necessidades vitais.

Bom dia Ricardo. Saudade do teu calor fraterno.