Vlademir Tremazul
"2160 horas...."
[...] 5:00. Acordei cedo, para ordenhar as vacas. Depois,
juntado todo o leite, pu-lo em garrafas e fui a Maceió, para vendê-lo perto da
Feira do Rato. No meu peito, a placa dizendo “Eu estou neste mercado, vendendo
leite, mas poderia estar no laboratório, fazendo o meu mestrado. Este é o leite
de alta qualidade, aprovado por cientistas de vários países. Leite da vaca da
ciência brasileira, que ninguém alimenta, nem cuida dela...Só ordenha”
Isso é a heroica ciência brasileira – vender leite para
sobreviver – violando o termo de compromisso do bolsista e o termo de adesão ao
Programa de Pós-Graduação – é com infração às regras, mas é o mal menor. [...]
Manter a ciência na “vaquinha” é o jeito... Mas não é assim que ela se
mantém...Não, senhor!
11:00. Dificilmente consegui vender umas garrafas, ganhando
uns quinze reais. Coisa alguma eu consigo vender por certo, porque vender é dom
natural, e eu não o tenho! Isso é resultado do comportamento do governo, que
transforma a vida do cientista no Brasil em jogo de azar (haja vista o
fascículo anterior).
Existe uma canção portorriquenha, chamada “Lamento
borincano”, cuja segunda segunda-parte é:
Pasa la mañana entera,
Sin que nadie quiera
Su carga comprar.
Ya todo está desierto,
El pueblo está muerto
De necesidad.
Se oye este lamento por doquier
De mi desdichada Borinquen.
Y triste
El “jibarito” va
Pensando así,
Diciendo así,
Llorando así por el camino –
“¿Qué será de Borinquen, mi Dios querido?
¿Qué será de mis hijos y de mi hogar?
Borinquen,
La tierra del Edén,
La que, al cantar,
El gran Gautier
Llamó la perla de los mares,
Ahora, que tú te mueres con tus pesares,
¡Déjame que te cante yo también!
É exatamente o estado, em que se encontra a ciência
brasileira, também muito elogiada por seus resultados, como o Porto Rico por
sua beleza, mas, mesmo assim, em xeque.
[...]
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