sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Felicidade ocre


.
(para Fernando Cesar de Aquino
onde quer que ele se encontre)
.
.
O ocre impregnava até o vento
A casa da felicidade era ocre
The streets and my old car
O chão onde os pés resvalavam
Naquelas festas de garagem
Sunset ao acorde de um violão
Universitários à beira do lago
Tão longe, tão longe do
Sangue dos nossos nos porões
“bem que eu me lembro
a gente sentado ali”
A comemorar a anistia
Esperar pela própria esperança
Na aura pulsante de uma veia
Um rio vivo sonoro intenso
.
Sempre que o sol flameja ocre
E uma fogueira espoca
E alguém canta a velha canção
Que dançamos de rosto colado
Antes dos glóbulos brancos
Devorarem o sol líquido que eras
- a parte ocre vida de tuas veias -
Meu coração passeia
Pelas mesmas ruas
Ainda sofro a única lágrima
Que você derramou por mim
Quando te disse
Que ia casar com outro
E te vejo ali à minha espera
Na amurada da cantina da Faculdade
Com sua malha ocre
Respingada de Pollock
E aquele sorriso curativo
No tempo em que tudo era vivo

Bárbara Lia

Nenhum comentário: