Luiz Felipe Leprevost´
gato preto, mancha de óleo a correr ruelas. folhas na
ventania. e o cachorro desajeitado com cara de jegue trombando nos móveis da
sala-cozinha. eu o temia mais que aos dragões com asas que. a qualquer momento
abrirá as suas, pensei, mostrará a língua, alçará portão fora gargalhando
chamas. enquanto tirava os pratos da mesa, a besta me interpelava com seu focinho,
presas à mostra querendo os restos. ali também três homens, trajes brancos,
puídos, riam, jantavam desconexos assuntos. a pensão iluminada por velas que
pingavam. olhos marejados na noite. neblina. o chá preparado por esta velha nem
velha. no outro dia, após o café, passeei regiões afastadas do perímetro
urbano. a periferia da periferia, lugar de antes de haver metrópoles, porque
metrópole poucos quilômetros daqui. casas de madeira, samambaias na varanda,
hortênsias as cercando, estradinhas brancas que levavam ter com vacas pastando
a idade da pedra, sombra lilás de galhos, nuvens, então o noturno do inverno
estrelas vazadas. e o armazéns de madeira úmida. na parede, lagartixa recém
acordada de um sono sem relógios a defender dos ataques de mosquitos nascidos
para fazer coçar.
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