segunda-feira, 17 de junho de 2013

esta é a maneira de sermos brutais,
com a aspereza 
de quem caminha 
pelas ruas, 
mascando lascas.

não preciso dar explicações
com palavras de madeira,
porque sou impuro 
e espontâneo 
como a fera. 

esta é minha sombra magra, confesso, 
estes, os meus passos desordenados.

nenhuma estrela para definir o dramatismo da noite
ao longo da jornada, 
nem os ramos 
de uma árvore inclinada. 

quem considere imprecisa a descrição,
que escreva o seu próprio 
rascunho, 
com a fúria 
violeta 
do escaravelho.

sem contar nove vezes 
menos um eco,
sigo minha jornada bípede, 
de energúmeno.

nada aqui faz sentido para os meus lábios
vociferantes;

e como não venero 
deuses de esterco,
nem as clausuras 
cíclicas da história,

sigo andando 
com minhas omoplatas, 
minhas axilas, 
meu caralho, 

minha testa 
desenhada 
com símbolos alquímicos,

e um poema 
escrito para ninguém 
nas linhas torcidas 
de meus pulsos.


Claudio Daniel

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