Money is a
crime
— Roger
Waters
Barítono de carapaça e gravata quase lilás mergulha os olhos
baços no copo de cerveja irlandesa entre cotações do mercado financeiro.
(Passa uma sombra magra de seios fumantes.) Verde álcool,
cogume-los e vozes graves de semblantes que suicidam a noite estrelada.
Lady sings
the blues para vocal e piano. Retrato de Wilde na parede e ta-peçarias
com toscos motivos de gnomos de barba pontuda.
O business man engole nacos de carne vermelha entre chamadas
ao ce-lular e citações do Economist sobre a crise da balança comercial.
Tabaco provoca câncer. Trabalho conduz à liberdade. Café com
cre-me e canela. A metafísica do compromisso institucional.
Todo homem de negócios é sério. Tem sapatos sérios de couro
italia-no e óculos sérios com aro de tartaruga. New York, New York.
Bico de papagaio na coluna recurvada. Folders de lançamento
do novo produto. Brieffings para a mídia. Um calor estival, quase Saara.
Relógio digital marcando quinze minutos para Qualquer Tempo.
Uma vaga sensação de arritmia (fadiga ou problemas coronários).
Executivos sempre usam marcapasso, água-de-colônia e longas
meias pretas.
Cláudio Daniel
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