Na época do Brasil-Colônia, onde hoje é um bairro chamado
Cidade Industrial, mais conhecido como CIC, na cidade de Curitiba, havia uma
aldeia de índios. Lá existia uma linda
índia chamada Jurema. Um certo dia um caixeiro-viajante, que passava pelo
local, viu a nativa, seduziu a pobre e continuou o seu caminho.
Alguns meses depois a jovem descobriu que estava grávida do
branco e caiu em depressão. Deste jeito, seu pai que era o pajé da tribo
realizou um ritual e disse:
- Este homem que engravidou você sofrerá pela sua pessoa em
outras vidas.
Após dar a luz a uma linda menina, Jurema morreu no parto.
O tempo passou, aquela aldeia desapareceu e no lugar dela
foi erguido um bairro chamado Cidade Industrial. Em 2010 Luísa, uma linda
menina descendente de Jurema, brincava pela região e freqüentava o maior
colégio do bairro. O problema é que esta garota tinha constantes pesadelos
estranhos: ela sonhava que era uma índia que foi abandonada grávida e acordava,
no meio da noite, chorando. Outro fator preocupante era seu vizinho Ricardo, um
menino que era apaixonado por Luísa. Pois vivia mandando bilhetes inoportunos e
passando trotes telefônicos para esta pretendente.
O passatempo desta adolescente era confeccionar artesanato
indígena, inclusive arco e flecha que funcionavam de verdade. Naquele mesmo
ano, a professora de Língua Portuguesa resolveu adaptar o livro Iracema do
escritor José de Alencar para o teatro da escola. Desta maneira, a mestra
escolheu Luísa para fazer o papel da protagonista, devido aos seus traços indígenas
e ao seu passatempo.
Na hora da apresentação Oscar, um ex-estudante daquela
escola, apaixonou-se pela índia. Mas não teve coragem de se declarar naquele
instante. Afinal, Luísa tinha apenas 13 anos na época.
Em 2013 Oscar passou a trazer e a buscar da escola Lívia,
sua irmã, e sempre ficava admirando Luísa. Até que um dia ele tomou coragem, se
declarou e os dois passaram a namorar. Porém, Ricardo descobriu tudo e passou a
cometer troques telefônicos e mensagens eletrônicas ameaçando seu rival, onde
dizia que se o romance continuasse ele mataria os dois.
Numa ensolarada manhã de outubro daquele mesmo ano, no final
da aula, Luísa encontrou-se com Oscar e deram as mãos em frente ao colégio.
Porém, de repente, Ricardo apareceu armado. Primeiro, ele atirou em Oscar nas
costas e depois deu dois tiros na cabeça de Luísa. Os professores chamaram
ambulâncias. O rapaz ficou bastante tempo internado. Mas, a moça morreu dois
dias depois.
Luísa chegou ao limbo vestida com roupas indígenas e viu um
pajé que falou:
- Bem vinda, minha filha Jurema!
A garota comentou:
- Meu nome é Luísa.
O índio explicou e mostrou-lhe um espelho onde apareceu sua
antiga reencarnação:
- Você já foi uma índia chamada Jurema, que foi abandonada
por um homem branco. Depois você reencarnou como Luísa e o cara-pálida renasceu
como Oscar.
A jovem gritou:
- Isto não pode ser verdade!
- Minha alma voltará para a Terra!
Como Luísa amava a escola, seu espírito passou a freqüentar
aquele lugar. Então crianças pequenas
passaram a ver um fantasma da adolescente fantasiada de índia que, às vezes,
brincava com elas.
Porém, este espírito gostava mesmo de ficar ao lado de
Oscar. Pois o que era amor na vida material desta moça, virou obsessão depois
da sua morte. Afinal Luísa tinha virado um espírito sugador de energia. Com o
passar dos dias Oscar recuperou a sua saúde física, mas ficou atormentado
mentalmente porque passou a ter: crises de depressão, tentativas de suicídio e
pesadelos com sua ex-namorada vestida de índia. No seu perfil nas redes sociais,
ainda constava o status de: “um relacionamento sério com Luísa.” Sílvia, a mãe
do rapaz, desesperada passou a levar o filho para vários especialistas como:
psicólogos, psiquiatras e terapeutas. Mas, nada adiantou.
Um certo dia esta senhora foi a um evento no Bosque São
Cristóvão, num bairro chamado Santa Felicidade. Quando, de repente, uma idosa
vestida de preto encostou em seu ombro e disse-lhe:
- Eu sei que você tem problemas com o seu filho e conheço
muito bem a razão.
A mulher exclamou:
- Quem é você?!
- Como sabe disto?!
A anciã explicou:
- Sou uma strega, uma espécie de maga descendente de
italianos. O seu filho está sofrendo por causa do encosto da alma da falecida
namorada dele. Pegue este meu cartão de visitas, traga seu filho no endereço
que consta nele que um ritual será feito.
Sílvia pegou o cartão e no dia seguinte foi até o local onde
a maga realizava trabalhos espirituais. Lá, a “curandeira” fez o famoso
exorcismo romano. No dia seguinte, a parte psicológica do rapaz passou a
melhorar. Pois ele: se alimentou corretamente, tirou o “status” de
relacionamento sério com Luísa das redes sociais e foi para uma balada.
Porém o espírito da garota continuava freqüentando o
colégio. Um certo dia ela resolveu seguir uma estudante porque pressentiu que
algo de ruim poderia acontecer a ela. A colegial cortou caminho dentro de um
bosque. Assim, Luísa viu que um homem, atrás do carvalho, tinha uma arma
apontada para a estudante. Deste jeito, a índia lançou uma flecha no punho do
marginal, que gritou:
- Ai!
- Uma flecha indígena!
- Como é possível?!
- Se não existem tribos nesta região?!
Reza a lenda que a alma de Luísa não perturba mais Oscar.
Porém, seu fantasma protege e defende as crianças daquela escola.
Luciana do Rocio Mallon
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