Todas as mulheres queriam ser Bárbara, foi o que me segredou
a mais próxima de mim, caminhando ao meu lado pela areia... Eu disse a ela que
estava muito difícil encontrar azeitonas na praia, durante o percurso inteiro,
vi apenas uma encravada na areia suja. No mais, era uma sujeira que a onda
atirava restos de redes de pescadores e sargaços. Não havia sol e era em algum
lugar da Bahia, e todo mundo queria ser Bárbara e eu era Bárbara, tinha certeza
disto. Na casa o perfume de plantas e ervas tornava o ar quase sólido, e as
pessoas preparavam uma festa. E crianças corriam e se divertiam menos o menino
quieto, pequeno, de cabelos longos, vestido como um garoto do século XIX, de
suspensórios e calça nos joelhos. Encantei-me com ele, e não deixaram que eu o
tirasse do quarto, era uma cama antiga e um menino que queria brincar, proibido
de brincar. Entre as cenas de ciúmes de um casal, deixo a casa, pensando em
onde estaria Calabar? No caminho conchas violáceas, finas e transparentes estão
espalhadas pela areia, coloco em uma pequena cesta de vime, e sigo me
encantando com a cor das conchas, suas formas estranhas...
Bárbara Lia da série "Somnu"
Nenhum comentário:
Postar um comentário