Que escondem o sagrado do que me resta,
Que protegem a carne já dilacerada,
Que guardam o tempo que ainda há em mim.
Quero despir-me e despedir-me
Das cascas que recobrem meu corpo,
Que de tão furadas pelas lanças do mundo,
Estão em lascas...
Já não servem mais de escudo,
Já não servem mais.
Por entre esses rasgos em mim espio os tornados
Dentro do deserto de vazios que criei e que carrego...
Nego tudo, desejo nada e fujo do meu castelo,
Que outrora era belo,
Mas que já não serve mais de morada,
Já não serve mais de refúgio,
Já não serve mais.
Fujo das ruínas enfeitiçadas pelo destino e por Cronos,
Que ainda se mantêm apesar do meu desatino e dos anos,
E dos ventos que sopram dos desencantos,
E dos prantos que chovo em mim de vez em quando.
As areias das minhas ampulhetas invisíveis
Flutuam em inaudíveis lamentos
E caem em tormentas imprevisíveis;
Formando intransponíveis dunas,
Barreiras que impedem minha fuga...
Desse castelo em ruínas inquebráveis
Nesse deserto de vazios que criei,
Que antes de cenário de tormentas e tornados era oásis,
Mas que já não serve mais de morada,
Já não serve mais de refúgio,
Já não serve mais...
Samantha Beduschi Santana
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