Luiz Felipe Leprevost
o frio é o meu país. na primeira oportunidade, trairei a
pátria. o desertor se sabe na qualidade de gelo, não pode sorrir sem rachar os
lábios. de que serviriam agora submarinos? endureço ou meus passos movediços. coisas
invisíveis me residem como micro insetos dentro de frutas que a colheita negou.
zonas sombrias, recônditas do silêncio que se teme, é o lado de dentro e daí?
lá também vamos desprotegidos. a carcaça que envolve, por sua vez, decerto tem
alguma força,
mesmo assim os órgãos facilmente poderão ser esmagados igual
as frutas. o vazio não serve, nem o fogo esculturas de meu fôlego. cinzas. e é
só que tenho a saudade frágil. mas o desertor se quer de gelo. as mãos abanam,
não é que voltou a fazer calor, mas o frio ainda. e a mão dramática num adeus
sem convicção, que já ficou até meio bobo.
é no hoje que está a semente do amanhã só irrigar com as
lágrimas do coração e o sol do sorriso.
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