Quando eu morrer, soltem as feras
Por entre as praças apinhadas:
Onças, leões, lobas danadas,
Ogros, dragões, e as mais quimeras.
Rojem os anjos pelos becos,
Atem seus pés a para-choques
E brindem, com sangue 'on the rocks',
Às bruxas soltas, de olhos secos.
Cedam assento aos extremistas
Nos gabinetes, nos comícios.
Que jatos varram edifícios,
E o sol se vá de nossas vistas.
Quando eu morrer, puxem a rolha
Que veda o ralo do universo.
Escoem tudo. E no reverso,
Pintem um Deus novinho em folha.
(Marcelo Sandmann, de "Na Franja dos Dias")
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