Detrás dos olhos
da cara
do cara
que no espelho
me olha agora,
eu penso:
vou morrer.
E daí?
E daí que não levo nada
das coisas que tive,
dos livros que li,
dos versos que escrevo.
(Tremem as pálpebras
do cara
e no peito, eu sei,
o coração.)
Detrás dos olhos
da cara
do cara
que no espelho
me encara agora,
pressinto:
não vai sobrar nada.
E daí?
E daí que vou dizer pra ela
na primeira ocasião:
danem-se as máscaras,
as caras más
e me dá um beijo agora!
(Tremem as pálpebras
e dos olhos
uma lágrima rola.)
Otto Leopoldo Winck
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