terça-feira, 31 de março de 2015

DESAPARECIDOS

(Poema de Isabel Furini)

sombras nos interstícios das lembranças
tóxico veneno preenche os espaços vazios
e permite desenhar os rostos dos desaparecidos
os sonhos irrealizados respiram pelos túneis do ontem
(cinzelam as vozes do passado)
gritam
gritam nomes e mais nomes
em vão
clamam no vão do passado e nas fissuras do tempo
e no poço das recordações
para que todos saibam que eles não lutaram em vão
– clamam
em vão
clamam
ninguém responderá a esse chamado
filhos pais, amigos, irmãos,
os desparecidos
só deixaram rastos de olhares e palavras
ternuras e saudades
e tristezas
como as folhas das árvores no outono.

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