sábado, 1 de junho de 2013

POESIA PICTÓRICA, VISUAL: SIMBOLOGIA DA ÁGUA



Quando a praia onde você está é sentida como real unicamente por trazer a
lembrança viva dos cheiros, claridade e ruídos da outra praia onde você
já esteve, muito tempo atrás
quando nada mais resta, a não ser a impressão de que viver foi inútil e de que
morrer é algo totalmente idiota,
filtrada por uma sensação do sublime, de estar com os pés no chão
ou então
quando ao retornar já de madrugada, deu-me a impressão de que se abria um
abismo, passagem para outro plano, no encontro das ruas Pernambuco,
Rio de Janeiro, Praça Villaboim, e isso foi igual a perceber que nada
mais fiz até hoje exceto seguir os rastros da minha própria morte,
quando a vida não passa de um pretexto: então, selecionar para publicação o
que for mais estranho, anguloso, geométrico mas fora de esquadro, e
que possa ser recitado em um tom de voz bem inocente, de quase
surpresa, simulando ser alguém que mal acredita no que está a dizer

Claudio Willer

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