Quando a praia onde você está é sentida como real unicamente
por trazer a
lembrança viva dos cheiros, claridade e ruídos da outra
praia onde você
já esteve, muito tempo atrás
quando nada mais resta, a não ser a impressão de que viver
foi inútil e de que
morrer é algo totalmente idiota,
filtrada por uma sensação do sublime, de estar com os pés no
chão
ou então
quando ao retornar já de madrugada, deu-me a impressão de
que se abria um
abismo, passagem para outro plano, no encontro das ruas
Pernambuco,
Rio de Janeiro, Praça Villaboim, e isso foi igual a perceber
que nada
mais fiz até hoje exceto seguir os rastros da minha própria
morte,
quando a vida não passa de um pretexto: então, selecionar
para publicação o
que for mais estranho, anguloso, geométrico mas fora de
esquadro, e
que possa ser recitado em um tom de voz bem inocente, de
quase
surpresa, simulando ser alguém que mal acredita no que está
a dizer
Claudio Willer
*
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