terça-feira, 7 de junho de 2016

 Os blogs não eram mais do que simples diários onde as pessoas engavetavam emoções neste emaranhado virtual e etéreo da web,que por sua vez principiara para atender as demandas acadêmicas e militares.

Em curto espaço de tempo esta nova mídia foi ensejando um novo tipo de meio-mensagem  ,onde os domínios do subjetivo, íntimo, privado foram se espraiando para uma nova forma de sub-literatura,fora dos cânones acadêmicos, mas  ainda amadora .

Contudo hoje em dia convivem meros rascunhos , como quartos de dormir mal arrumados diante de uma porta escancarada para um olho imenso que a tudo devassa enquanto cegos enquanto se tropeça nas roupas , espalhadas pelo chão.

Com efeito podemos discorrer sobre a sociedade de fim de século, época de transição , de grandes transformações marcada por uma diversidade de formas e camadas de relacionamentos inusuais á poucas décadas, onde o ciberespaço cumpre o papel de ponte fantasma entre a inconstância, o delírio e a pseudo profundidade dos contatos que em certo sentido aboliram a interação física;relações superficiais na contradição a  abertura total a desinibição,incluindo a  intima e a erótica em níveis não do experienciado mas do imaginado.

Quanto ao blog em questão nos remeteremos a sociedade vídeo- adicta , onde o tempo é variante adversa daquela empregada na leitura do livro,o lead e a informação direta, não necessariamente objetiva predominam ,isso em parte já ocorria na literatura ,as short-stories e as crônicas, os minicontos  nos jornais; estórias ligeiras. Embora seja platitude ficarmos nesse argumento. Não esqueçamos do fenômeno dos e-boocks. As questões que se apresentam :

1) os leitores dos e-books são os mesmos que cultivados  pela leitura dos livros de celulose e seus filhos herdeiros de tais acervos culturais, leem os dois meios ou não?

2)Como ficaram as editoras nesse processo ?

Penso que haverá uma multi- coexistência de maneiras de absorver literatura e cada geração resgatará no espírito de sua época as cores , as paisagens de suas letras,como fora no passado e assim é no presente.

No que se refere ao efêmero do postado,digerido ou não apenas mantém a força breve das breves lembranças,profundidades não trazem a tona o que a juventude busca.Tempestade e ímpeto.Um tiro de uma frase certeira , um conciso veneno ou elixir, bastam, não é a  demanda do Santo Graal.revelações profundas ainda são o continente de um bom livro ou de um e-book, talvez.
Com relação ao ocorrido com o referido blog, então denominado Pó&teias  sou de opinião, que as repetições nas postagens, tem mais a ver com o caráter pré-profissional que induzem seus colaboradores a erro por mero esquecimento do que fora postado, creio que se houvesse algum mecanismo que lembra-se que tal ou qual texto já fora publicado, não haveria  tal fato.Uma questão de ordem técnica.

De outra ordem é a qualidade dos textos e a Leitura que deles se fazem pelos leitores “virtuais’,o primeiro pode ser lapidado , filtrado, quanto aos leitores que ora também podem vir a se tornarem colaboradores, está muito ligado a alguns fatores de proximidade seja  de comunidades de relacionamento virtual de perfil literário ou participes de grupos poéticos e de escritores em sua maioria frequentadores dos mesmos espaços culturais urbanos boêmios ou não, e sim os anônimos presos nas teias do ciber-espaço.


Wilson Roberto Nogueira

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