quarta-feira, 8 de junho de 2016



Eu uso óculos. Não usava. Ando sem paciência. Às pressas. Canso-me, à toa. Tive namorado. Marido. Filhos. Sei dirigir. Carros. Adoro bicicleta. Não sei equilibrar. Caminho muito. No sol das manhãs. Na chuva vou mais longe. Nem em pensamento eu faço ginástica. Mas escrevo. Curto e rigoroso. O dia inteiro. À noite. De manhã. O ano todo. Transbordo. Leio desde sempre até o esquecimento. Durmo pouco. Muito, de vez em quando. Não tenho amigo. Tristeza é cinza no horizonte longe. Rezo. Porque o juízo grita. Sem pecado. Ardo. Gosto de vinho. Da cor branca. Café com pão de queijo. Nasci nas montanhas. De tardezinha tenho saudade. Do quê. De quem. Calo-me dificultosa. Sou esquisita. Que me lembre. No meu peito trago escritas menos ignorantes. Que não conto. Prosa. Tenho falta de sabedoria. E angústias de muitas formas. Se olho para trás, choro. De minha mão nunca escorrem fúrias. Nem de minha boca iras. Não gosto de ir à luta. Volto no corpo quebrada. Trabalho duro. Não vivo sem água. Ar. Terra. Fogo. Mato. Céu. Inferno. É do sangue. O que vier eu cismo. Poesia.

[Rita Schultz]

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