escrevo porque preciso decifrar-me em silhuetas
consolar flores que piso enquanto danço indeciso
exorcizar os demônios que habitam minhas gavetas
e dar nome às borboletas que, desde sempre, escravizo
escrevo porque não devo . . . porque não tenho juízo
porque sou doido e me atrevo a exibir minhas facetas
porque sou feito de aço, de carne, osso e granizo
escrevo porque preciso estilhaçar ampulhetas
coreografar piruetas, cata-ventos e birutas
cruzar palavras secretas, inseminar devaneios. . .
ler nas almas dos poetas as estratégias astutas
que vençam vitórias régias e deflorem os floreios. . .
escrevo porque sou torto, por que não fujo da luta
porque o silêncio é um estrondo de trovão na minha boca
porque do meu ócio imenso brota essa bruta labuta
que me faz gritar poesia no ouvido da vida mouca!
escrevo porque preciso dinamitar meus defeitos
fugir das frases de efeito que friso desesperado. . .
dar voz aos meus infinitos pretéritos imperfeitos
e enfeitar esse meu jeito de menino rejeitado
escrevo porque amenizo com versos minhas verdades
suavizando as saudades do que deixei de viver. . .
escrevo pra ser sem ser . . . pra suprir necessidades
ou tão só porque escrevendo me eternizo . . . sem querer.
PAULO MIRANDA BARRETO
paulomirandabarreto.wordpress.com
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