…”demorei a entender que és mulher
e carregas outonos na nuca”
Luiz Felipe Leprevost, em Ode Mundana
Uma pinta de beleza
brotou sob o seio esquerdo,
para o menino
devorador de sinais de beleza.
Rito de oferta,
olhando este corpo mascavo com digitais
impressas,
buscando um poro virgem para plantar
a pétala,
e te oferecer depois
— rosa a ser desvirginada —
Um dia, li os versos epifânicos,
do amigo solar — profeta
sem saber —
que há em mim apenas outonos
para esfriar verões de acordes…
e o amigo do amigo solar
nem sabe,
do mantra que eu repeti meses a fio,
a caminhar por ruas e corredores e
antes de adormecer, recitando suave
como prece:
beija suave a minha nuca!
beija suave a minha nuca!
beija suave a minha nuca!…
de outonos adornada… e a pinta recém-nata,
gota de meu coração que vazou sobre a pele,
ou um prêmio extra que trouxe destas noites
em que adentro oceanos estranhos
e te procuro entre as estrelas naufragadas.
Bárbara Lia é professora de História e escritora. Vive em Curitiba-PR. Publicou os livros de poesia O sorriso de Leonardo (Curitiba: Kafka Edições Baratas, 2004); Noir (Curitiba: Ed. independente, 2006) e O sal das rosas (São Paulo, Lumme Editor, 2007). Fonte Germina.
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