domingo, 26 de julho de 2009

Saudades dos bobinhos. Especialmente dos bobões

Saudades dos bobinhos. Especialmente dos bobões.



Anos de 88, 89... Tanto tempo que já nem me recordo. Bola na rua. Costume naquela saudosa época. Hoje já não tão corriqueiro. Também, como de costume, havia um perna-de-pau que fazia sempre o favor de jogar a bola em algum terreno baldio. Essa foi nossa sorte. Encontramos duas bolas. A nossa. E uma outra, só com o couro. Claro, criança sempre pinta o sete. Pintamos mais uma vez, então.

Bem perto dali, atrás de nossas casas, estavam a construir prédios, conjuntos residenciais. Quase todos os dias, em certas horas, aqueles “homens-construtores” se encaminhavam pela “Nossa Rua” rumo a panificadora para saciar suas fomes e sedes.

Pintamos então.

Aquela bola encontrada no terreno foi carinhosamente empalhada com pedras. Muitas pedras. De todas as formas, tamanhos, cores e texturas. Deixamos-a em um local estratégico. Ficamos a esperar uma cobaia. Melhor, um “homem-construtor”. Também naquelas certas horas passeavam pela “Nossa Rua” um casalzinho, bem simpático por sinal. Logo resolvemos. Eram eles. Por falta não iríamos pecar, talvez por excesso.

Um prontamente gritou:

- Chuta aí, tio!!!

Claro. Óbvio. Evidentemente que não se recusaria. Estava de sandálias “havaianas”, “as únicas que não soltam as tiras e não tem cheiro”. Lembrou? Então, retirou-as. Tomou pique. Foi.

Era moleque correndo para todo lado.

E o rapaz a gemer:

- Seus filhos da...!!!!!!!

Saudades daquela época. Dos bobinhos. Especialmente dos bobões.

Mário Auvim

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