Monday, November 20, 2006
Existe um lugar que não existe (Landscapes and Touchscapes)
Em algum lugar existe um rio que se chama “Amola Facas” (lá só chove);
Existe um lugar para se cortar o cabelo, fazer a barba, lamentar a perda das canchas de bocha por culpa do prefeito novo, e elogiar o prefeito antigo que passou anti-pó por cima dos paralepípedos;
Um outro para tomar café e saber de gente que sai de Joinville para tentar a vida em Lages;
Um bar com duas televisões (que funcionam sempre em canais diferentes), uma mesa de sinuca e três de baralho;
Uma igreja com uma praça;
Uma praça com um monumento modernista em homenagem a Getúlio Vargas;
Uma cidadezinha com pessoas simpáticas e histórias de unhas dentro do pão daquela padaria que é mais completa que as outras;
Um lugar onde há um médico e uma enfermeira, que são na verdade um velho amigo e uma menina super bacana com um sotaque que é um charme (faço gosto);
Existe a memória de uma outra pessoa.
Um lugar entre os paralelepípedos por baixo do anti-pó;
Pezinhos de criança e sapatos vermelhos;
Amores e desamores de adolescência;
Um carvalho morto;
Um bosque de auracária que não existe mais;
Um verde estranho;
Um vermelho que é meio rosa, meio telha, meio salmão, meio desbotado por natureza;
E o azul feio adorável;
Esse lugar um dia teve cheiro, toque e cansaço bom de viagem a dois;
Um lugar de Café forte;
De chuva fina e chocolate;
João Castelo Branco
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