"Há momentos em que me sinto mais lúcido, e há outros em que pelo
contrário sinto uma presença estranha dentro de mim, como se devêssemos ser
gêmeos e houvéssemos nascido num corpo só. Esse meu irmão sepulto em mim
leva-me a cenas de verdadeiro ridículo, quando não de desespero, como aconteceu
ainda há pouco, quando eu queria dormir e ele teimava em ensaiar um novo passo
de balé, rodopiando pelo quarto inteiramente nu. Se há os que acreditam em
metempsicose, eu tenho o direito de acreditar nessa dualidade do meu ser, ou
antes, nessa existência oculta de meu irmão gêmeo dentro de mim..."
(Campos de Carvalho)
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