Quando eu era menina
tinha medo da cortina
que lembrava
o quintal do mal.
Era adornada de pecado
rosas em gritos menstruais
sangrando folhas descomunais.
Durante o dia eram bizarras.
Na noite me assombravam
formando rostos
na contra luz da lua azougue.
Eu farfalhava no colchão
cerrava os olhos
encolhia-me em posição fetal.
Nunca disse à minha mãe
(que trocaria a cortina – para minha paz)
Nasci de frente para os fantasmas.
Contemplo.
Não expulso.
Não acendo a lâmpada.
Enfrento.
No quarto escuro
(agora da alma)
os mil rostos
de rosas mortas
a me contemplar.
BÁRBARA LIA
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