Sonata para pergaminho e renda branca
andávamos, andávamos
era só isso o que queria
até o peito pulsar vazio
um sopro no precipício
e as veias sonolentas
rebentassem atônitas
andávamos, andávamos
em nenhum bar caberia
nenhum cigarro suficiente
até as mãos se cruzarem
o gesto apenas esboçado
perdido olhar em extravio
andávamos, andávamos
nada na palavra perseguia
nenhum sorriso benfazejo
tudo que não mais queria
até a sílaba colidir o verso
até o passo quedar imerso
andávamos, andávamos
não saberia dizer a cidade
mas havia o poeta, a praça
o rumor dos transeuntes
o incessante fluir de vozes
um vácuo vindo dos lábios
Assis Freitas
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