( Àquela de copo na mão )
Úmida, rosada
incógnita
ensimesmada
nas franjas
de um silêncio entre valvas:
broto de um ramo distante
guardião do compasso
da maré de quadratura:
como tornastes
um quase obsceno
refúgio
a exalar a fragrância do cio
e do sal ?
que tanto almejaste
em vida
nas noites de preamar
quando fugiam-te
os sumos
nas águas da continuação ?
Túrgido grelo do tempo
embebido nas dobras
de um paramento
de vulva:
olhar-te assim, amanteigado
e ardente
desperta a saliva na boca
traz o encanto
da volúpia
e uma viva memória
agarrada na rocha
Assis de Mello
Um dos poemas do livro "Na Borda da Ilha". Ed.
Lumme, 2010
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