Em 1976, um ilustre desconhecido ganhou o modesto troféu
"gralha azul" (prêmio cá da terrinha) como melhor contrarregra, com a
peça "a torre em concurso". esse camarada era um bom ator e um bom
músico, embora transitasse pelos botecos com as "celebridades" da
época (cá da terrinha), ele sempre preferiu a discrição e a caverna (muito
desse povo frequentou a casa desse sujeito pra tomar umas biritas, comer frango
frito e bater papo); pois bem, ontem, foi a estreia de uma peça baseada em um
modesto texto meu. lembrei desse cara, a cada momento, e fiquei pensando no que
ele diria - possivelmente seria um nível de esculhambação além da imaginação
(cresci com a convicção kafkiana de que nada que eu fazia prestava). agora, com
a distância do tempo, percebo que a crítica, desse cara, era muito mais uma
autocrítica, para não tecer loas à toa, e essa contaminação foi boa - para mim.
esse cara - ilustre desconhecido do google - era o meu pai, que me ensinou o
caminho da caverna, a discrição, que os amigos são poucos e que somente quem
realmente sabe quem você é merece ser ouvido, porque "fogos de
artifício" são fáceis demais e não valem o espetáculo. por fim, eu lamento
que ele não tenha estado lá, com o teatro que ele tanto gostava ou no boteco
para falar dos velhos tempos - mas, voltar cedo, porque sempre fomos e somos da
caverna.
William Teca
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