Sartre dizia que a vida não tem sentido, é você que dá um
sentido a vida. Wittgenstein, por sua vez, dizia que, se a vida tem sentido,
este sentido está fora da vida, senão ele não é sentido, é problema. Já
Leminski, sempre original, afirmou certa vez que se recusava a viver numa vida
sem sentido... Se você lembrar que sentido também significa 'direção', talvez
você se livre um pouco do peso metafísico dessa palavra. O sentido da vida vira
então 'a direção da vida'. Mas quando a vida não tem direção? Ou quando cada
dia você está indo para um lugar diferente? Talvez o sentido aí seja exatamente
a falta de direção. Ou o não-sentido. Mas vai que de repente o único sentido da
vida seja procurar o sentido da vida. E se não achar? Pelo menos aí você já
atravessou a vida inteira com um sentido, ou seja, procurando o sentido que não
existe. Mas existiu a procura. Então aí está o sentido. A procura. Pra mim
literatura é isso: procura. Você põe umas rimas, um ritmo, engendra um enredo,
cria personagens, mas no fundo literatura é escrever sobre a procura, a procura
da procura... O resto é perfumaria
Otto Leopoldo Winck
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