A causa imaculada do juízo
abana a golpe lento a casa toda,
acera a comichão, provoca o riso
entre as hordas da gente visigoda.
Arrebata os rebites da chateza
e recita de cor a bandeirada.
Inventa e desinventa a sobremesa
conforme o peixe serve à caldeirada.
E ruboriza a face mais amarga
se ao sentir um bafo na ilharga
reconhece o da besta que sabuja.
Do caldo ontem bom, hoje entornado,
diz quando em penitência do pecado:
"Reparem como eu bebo a água suja."
*
Joaquim Pessoa in SONETOS PERVERSOS
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