segunda-feira, 25 de julho de 2016

POR QUE HOJE É O DIA DO ESCRITOR


Tenho os dedos e o teclado, tenho a senha da trilha, tenho a tela, tenho a linha, tenho o cálice bento, tenho a terra para lavrar, tenho o mar para navegar, tenho o vento, o barco e a vela.
Tenho a caravela.
Data vênia, tenho a palavra que se fez carne e habitou entre nós.
Os amores?
Imprimo-os salvos, primitivos, no arquivo morto.
São por demais antigos, atualmente proibidos.
As paixões de agora não são mais gostosas como as de outrora.
Mornas, murchas, secam logo, mórbidas, morrem.
Sem elo, um livro in pectore, no prelo, não publicado, nem mesmo escrito.
Livro sem capa, sem miolo, sem prefácio, sem epílogo, sem posfácio, só o epitáfio.
Aqui jazz um poeta renhido por amores reprimido.
Mas não quero um amor banal desses descartáveis no mercado a granel, de casamento no papel.
Quero-o fanal menestrel.
Não corro mais atrás das paixões que por hímen imantaram meus sentidos, como na vitória de Pirro, me deram por vencido.
Quero um amor evasivo exclusivo.
Vai, minha vela ao vento, não vivo sem ar.
Vai meu beijo on-line fluído por flecha cupido.
Vai, os lábios conectados por energia quântica monástica do espírito.
O beijo lúbrico lírico mendigo.
Áspide em riste, o bote do beijo me dá um frio na barriga.
O beijo com vontade mangueio com lombriga.
O beijo de tirar o fôlego suplico.
O beijo de língua enosado no céu da boca.
O beijo com lábios aziagos.
O beijo pelos dentes mordido.
O beijo por super bonder conectado.
O beijo, mesmo de longe, ao longo da estrada dura e torta, faz sentido.

Beijo, bacio, beso, baiser, kiss, kuss, kisu.

José Aparecido Fiori‎ para Feira do Poeta Curitiba

Nenhum comentário: