segunda-feira, 1 de julho de 2013

DAS COISAS QUE OUÇO NA NOITE

Mário Bortolotto


Tenho estado sereno. Isso não tem nada a ver com "estar feliz". Eu sou muito velho pra acreditar nesse tipo de bobagem. Tenho estado sereno, consciente de minha capacidade e melhor ainda, das minhas incapacidades, das minhas limitações. Me encosto em algum balcão de bar e não tenho nenhuma pressa, nenhum anseio verdadeiro. Me deixo estar. Sereno. E fico ouvindo as pessoas conversarem.

Ouvi essa: um produtor de teatro produziu uma peça infantil. O produtor em questão não levava o menor jeito com crianças. Os atores eram todos crianças. Uma das mães acompanhou a primeira viagem teatral dos meninos. Eles queriam chocolate, toddynho, refrigerante, esse tipo de coisa que criança gosta. A mãe então foi falar com o produtor: "Os meninos querem chocolate, toddynho, refrigerante..."


O produtor inconformado mandou essa: "Eles tem que entender que aqui eles são atores. Atores, entendeu? Se tiverem a fim de uma garrafa de whisky, tá fácil de conseguir, mas Toddynho? Qual é?"

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