domingo, 1 de fevereiro de 2015

Lenda da Cigana do Bambolê



Há três mil anos existia uma escrava egípcia chamada Adjena, que vivia com dores no corpo, mas que mesmo assim precisava trabalhar. Um certo dia esta moça estava trabalhando na lavoura, quando começou a sentir dores horríveis, por isto, ajoelhou-se e orou para o céu:
- Sol, Lua e estrelas, por favor, curem minhas dores!
De repente, apareceu uma deusa, que pegou um pouco da luz do Sol, um pouco da poeira da Lua, um pouco do brilho das estrelas e assim formou um aro luminoso. Após isto, ela disse:
- Eu sou a deusa Nut e posso atender ao seu pedido. Este arco é um bambolê, que ajudará a acabar com suas dores. Basta fazer este objeto girar em torno da sua cintura. Mas, em troca, seu corpo ficará preso nesta fazenda, mesmo depois da sua morte. Afinal seu espírito só poderá descansar, após seu falecimento, quando você entregar este aro mágico a outra pessoa que passe por este solo e precise muito de ajuda.
Assim Adjena pegou a argola gigante e colocou em volta do seu corpo. Porém, naquele mesmo instante, o bambolê tornou-se feito de fios secos de parreira. Porém apesar disto, permaneceu com o mesmo formato. Deste jeito, a donzela fez com que ele girasse em torno do próprio corpo e sentiu-se melhor. A partir daquele dia sempre que esta jovem sentia dor, ela usava este aro e o problema passava.
Um certo dia Adjena estava trabalhando na lavoura quando, de repente, outra escrava invejosa bateu com a enxada na cabeça da pobre, que faleceu. Desta maneira, a assassina enterrou a rival debaixo do solo daquele sítio. Alguns anos após este crime, aquela fazenda foi abandonada e ninguém descobriu o corpo da vítima.
Séculos depois, uma caravana de ciganos resolveu acampar naquele mesmo local. Deste jeito, a cigana Amaleia decidiu dar uma volta no local. Quando de repente, fez a seguinte queixa em voz alta:
- Se minhas costas não doessem tanto...
Como um raio apareceu uma dama com um bambolê nas mãos, que disse:
- Boa tarde!
- Sou Adjena e tenho a solução para as suas dores: basta girar esta argola gigante em torno do seu corpo que ele ficará curado.
Então Amaleia pegou o bambolê, girou o objeto em torno do seu corpo e notou que a dor sumiu.
De repente, ela olhou em direção à Adjena e percebeu que ela criou asas e voou para o céu.
Quase não acreditando no que aconteceu, a cigana decidiu mostrar a nova dança com a argola gigante para o acampamento. De repente, sua avó exclamou:
- Ah, que dor nos braços!
Assim Amaleia comentou:
- Experimentarei algo: colocarei este bambolê para girar em torno do seu braço.
A garota fez o prometido e a dor da idosa passou. Ela tomou atitudes semelhantes com pessoas que tinham dores em diversas partes do corpo: pescoço, pernas e cinturas. Desta forma, o resultado era sempre positivo.
Como passatempo, Amaleia passou a rebolar junto com o bambolê. Então, as ciganas passaram a confeccionar este instrumento com fios secos de parreira e criaram coreografias de dança com estas argolas gigantes.
Quando chegou a Idade Média, os bambolês foram proibidos devido à sensualidade. Mas, em alguns circos de origem cigana, as bailarinas continuaram a se apresentar com estas argolas gigantes.
O bambolê, de plástico colorido, como conhecemos atualmente surgiu nos Estados Unidos em 1958.
Reza a lenda que Amaleia, a Cigana do Bambolê, é uma entidade amistosa que costuma atender as pessoas que possuem dores pelo corpo. Ela usa saias estampadas e sua música predileta é Bamboleo da banda Gipsy Kings.

Luciana do Rocio Mallon

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