Sempre respeitei e continuo respeitando os garis. Pois eles
mantêm a cidade limpa com afinco e esforço. Inclusive, anos atrás, eles
costumavam cantar enquanto passavam, com o caminhão, pegando o lixo das
residências. Então, naquela época, fiz um poema intitulado Canários da Limpeza
em homenagem a estes lixeiros animados.
Há uma semana comentei isto com minha avó:
- O problema é que, neste ano de 2015, percebi que os garis
do caminhão não estão mais cantando, e, sim urrando e berrando enquanto
recolhem os sacos das casas.
Ela explicou:
- Eu lembro-me que, nos anos quarenta, os trabalhadores de
limpeza cantavam músicas de Frank Sinatra. Nos anos cinquenta passaram a
cantarolar rock de Elvis e seus amigos. Já na década de sessenta os garis colocavam
para fora a Bossa Nova. Logo, nos anos setenta, começaram a imitar Roberto
Carlos e John Travolta. Na década de oitenta os trabalhadores de limpeza
cantavam Michael Jackson...
Desta maneira complementei:
- Nos anos noventa os trabalhadores da limpeza cantavam É o
Tchan, principalmente, os sucessos “Segura o Tchan” e “Boquinha da Garrafa”.
Bem na década seguinte partiram para funks de diversos autores e agora estão
gritando toda a vez que recolhem o lixo, com a ajuda do caminhão, de madrugada.
O meu sonho é que os garis voltem a cantar músicas dos anos setenta e oitenta
como faziam antes. Pelo menos assim, eu me lembraria de uma parte divertida da
minha infância pela noite adentro.
Luciana do Rocio Mallon
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