Eu tenho uma oficina de silêncios.
Nela eu forjo as palavras com que te direi um dia
que todo ardor é vão. Se estendo a mão
para tocar o céu, o espetáculo a que assisto é de o uma
sublime indiferença.
Os deuses sabem que o caos não se sustenta sem beleza
e que todo esforço de compreensão
resulta inútil. Sim, é magnífico o sol que doura as nuvens
no horizonte,
porém meus olhos só foram feitos para buscar na noite
a referência amarga do teu corpo.
Na minha oficina de espantos eu trabalho numa súmula
que diga tudo: que a vida é boa, o inverno é lúgubre
e a saudade é uma forma de reconhecimento.
Para quê precisamos de palavras? Não sei.
Talvez para entender que certas coisas não são ditas.
Otto Leopoldo Winck
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