terça-feira, 29 de dezembro de 2015

uma das únicas coisas boas, do final de ano, é perder a noção do tempo (mais ou menos como ver programas antigos no youtube), parece que se estagna e não acontece nada, o mundo só vai recuperar sua rotação, lá por março, sem falar na amnésia que assola as pessoas, eu, por exemplo, esqueço que comi e como de novo, esqueço que bebi e bebo de novo, esqueço que acabei de fumar um hollywood e fumo de novo (lembro até de um seriado, "twilight zone"). neste labirinto de enganos deleitáveis, que é esta cidade, contudo, há mais coisas agradáveis, como muito dos curitibanos foi se salgar em santa catarina ou na ilha do mel (o que também me traz recordações, de uma canção da "lívia e os piás de prédio" - ah, o tempo curioso destes tempos), agora dá pra ir à feirinha do largo, ou tomar um chops, lá no stuart, sem correr o risco de ser incomodado. creio que esta época do ano, apesar da insistência das criancinhas do hsbc, das festas em família, dos perus e da maldita coletânea natalina dos vizinhos (e da rabanada que fiquei devendo pra patroa), é um tempo de solidão, e que é muito bacana curtir um pouco de si mesmo, mas, talvez seja só um bocado de melancolia que me faz pensar assim, ou quem sabe uma saudade que guardo aqui comigo, sem saber ao certo de quê. creio, que farei o inusitado, antes que os vizinhos gospel comecem seu ensaio, cantando sofrivelmente "killing me softly" para esquentar as baterias e estourar meus tímpanos, vou ouvir um sambão enredo, para começar: "é hoje", ou quem sabe tenha sido ontem, aiaiai, estes tempos de tempo estranho do fim de ano, só mesmo tomando mais uma para entrar no fluxo.

William Teca

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