sábado, 12 de dezembro de 2015

fim de ano, cá na periferia, é o máximo, algo como se a irmandade humana rejuvenescesse ao som de simone e à textura das guirlandas e arvrinhas plásticas da casa china; as pessoas demonstram seu afeto a plenos pulmões, embaladas pelo campo largo ordinário e doce da vendinha, além, claro, da psicodelia das luzinhas embaraçadas dos natais passados. tento fazer de conta que não é comigo, mal humorado e estúpido (com meus parcos graus de febre), inútil, um vizinho bem intencionado é pior que uma testemunha de jeová. e as bombinhas do filho da vizinha criam em mim uma irmandade tardia com o vira latas adotado pela comunidade. contudo, a garrafa de conhaque ganhada de presente, derrete meu coração, mas desconfio que derreterá meu fígado. logo, virão as fatias de chester e pernil, regadas com marcas ignóbeis de cerveja - existe uma felicidade implícita e transcendente, na simplicidade, ainda que um tanto agressiva, do povo cá desta terrinha, um lirismo que somente a genialidade de aldir blanc seria capaz de destilar. netflix pra quê? é só abrir a janela e ver a vida ao vivo, com todo o timbre característico dos melhores canos de escapamento.



 William Teca

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