A dor impede o pensamento criativo. Dipirona não resolve e
nunca mais tomo paracetamol depois que o dona do Empório da minha rua contou
que sua mãe morreu de cirrose medicamentosa, de tanto tomar Paracetamol e
Novalgina. Eu tive duas complicações no meu pé direito, e o ano ficou restrito
a médicos, exames e oitocentos medicamentos, dias e meses sem andar. No meio de
tudo, evitava tomar remédio para dor e fiquei verde de dor por muitos dias,
semanas, meses. Uma coisa meio maluca. Literariamente o ano ficou prejudicado.
Em fevereiro escrevi uma espécie de novela em prosa poética (Todas as tardes de
maio serão tuas), com o verso de Drummond como epígrafe.
Como esses primitivos que carregam por toda parte o
maxilar inferior de seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,
Carlos Drummond de Andrade
Foi o único livro que escrevi em 2014, pois passei o ano
inteiro em médicos, hospitais, meio a exames e uma enxurrada de remédios e
nadando em dor, como disse. Com uma vontade ferrenha e por saber que os livros
nascem como crianças, quando tem que nascer... Separei poemas e editei -
Respirar. Foi o suficiente para tornar 2014 muito especial. Respirar é um lindo
livro e estou bem feliz por esta epopeia poética embalada em minaretes azuis.
Espero que em 2015 eu retome o ritmo da Literatura e que consolide este momento
em que minha saúde se recupera. Sem mais dores. Que os anjos digam - Amém!
Bárbara Lia
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