Ricardo Aleixo
Desce do carro com o som no talo. Agora há pouco. Ouve o
quê? Sertanejo, é óbvio. Deve ser pouco mais novo que eu. Deixa a porcaria
tocando enquanto entra na padaria. Como um xerife. Todo bíceps. Pernas
arqueadas. E óculos escuros, apesar do tempo fechado. A sonzeira é parte
indissociável do carro - tal como o "possante" é, por certo, uma
extensão de sua nunca suficientemente confirmada virilidade. O pior de tudo:
pensar que a macheza mais escrota - porque embalada em discursos de
solidariedade com os feminismos - é capaz de artifícios que deixariam no
chinelo o pobre diabo que acabei de descrever.
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