Sobre o corpo do amado adormecido
desliza um par de olhos, hesitante.
Se um em paz repousa, o outro, embevecido,
não cessa de admirar o imoto amante.
E a visão desse dorso distendido,
ao mesmo tempo próximo e distante,
não lhe apazigua o coração arfante,
nem quando um o outro roça, distraído.
Antes, desperta-lhe a sanha mais louca
de unir os corpos e beijar-lhe a boca,
até que o duplo se converta em um.
Mas também lhe suscita um pensamento:
a distância é o mais certo sentimento
e a estranheza é o que há de mais comum.
Otto Leopoldo Winck
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